Um dia qualquer do ano - por Patrícia Dantas

por Patricia Dantas

Imagem: disponível em Hanna Brescia in Pictures.

 

Talvez ele tenha sido um ano escuro, de pouca luz, intermitente com seu lado sombrio fazendo bagunça na vida, ah! mas posso dizer que foi o ano que mais viajei, me permiti, deixei minha viagem interior acontecer, larguei de coisas que me prendiam, foi doloroso, posso dizer – é sempre doloroso demais se desfazer, abandonar-se, dar pouco valor as coisas que as pessoas (muitas) se matariam para conseguir -, mas foi bom!

No próximo, o que virá, o que já veio depois dele, uma brisa trouxe a sensação que tudo está mais claro com sua luz no fim do túnel, provo de um conforto quase provocador, acho que ele me fará melhor, é o que penso.

Logo em sua primeira manhã (a dele) não fiquei sossegada, tomei banho frio, coloquei os pés molhados para sentir a frieza do chão brilhante, troquei a escova de dentes que já estava bem gasta - será que eu nem tinha percebido? será que estava tão desatenta? como pude não olhar, não tocar suas cerdas, não senti-la?

O que importa agora é que já é outro dia, nem me refiro ao novo ano, pois podemos fazer novos anos a cada dia, basta mudarmos nosso lugar no mundo e nos permitir mais, sem limites ou respeitando o que resta além deles.

Pois bem, todo mundo sabe que é melhor programar algo quando temos uma linha, ainda que seja tênue, mas que ela represente ou insinue algum início, meio e fim; ninguém gosta de começar algo sem alguma mostra de organização, nem mesmo o mais desatinado dos seres, é preciso também que exista uma fuga qualquer, para se evitar o tédio das coisas que nos matam. Está aí: organização para começar e fuga para correr do tédio! É o nosso eterno paradoxo, somos humanos, e como humanos, estamos sempre à caça da novidade, do imprevisto, do grande acontecimento, mas que seja o novo, sem a ameaça da repetição.

Na realidade, morremos pelo dia-a-dia, todos os dias, sempre à espera, à procura - do quê? talvez nem saibamos, mas estamos firmes para encontrar, e que encontremos logo, senão a felicidade custará também a chegar.

 

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Publicado 28/01/2014

 

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