Resiliência e o abuso sexual - por Fabiana Juvêncio

Resiliência e o abuso sexual - por Fabiana Juvêncio

RESILIÊNCIA E O ABUSO SEXUAL

 

            É um fator extremamente importante para este novo século em todas as áreas da vida: pessoal, profissional, da saúde, social, familiar, ambiental, cultural, etc.; pois estamos vivendo momentos de grandes transformações e provas. Alguns autores enfatizam a capacidade de ‘’fazer bem as coisas’’. Apesar das diversidades, ou seja, soma-se a capacidade de resiliência uma ‘’faculdade de construção positiva (FERREIRA, 1986).                                       

Resiliência é um conceito que vem do físico e significa a capacidade de um objeto recuperar-se de se moldar novamente depois de ter sido comprimido, expandido ou dobrado, voltando ao seu estado original. O dicionário Aurélio define o termo como ‘’ a prosperidade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica’’ (GALIETA, 2002).  

Nos últimos anos a resiliência tem despontado como conceito operativo no campo da Saúde, especialmente entre a criança e o adolescente. A resiliência pode ser vista como resultado da interação entre aspectos individuais, contexto social, quantidade e qualidade dos acontecimentos no decorrer da vida, e os chamados fatores de proteção encontrados na família e no meio social (LINDSTRÖM, 2001).  Kotliarenco et al. (1997) sintetizam a resiliência como inovador na área da violência contra crianças e adolescentes (CICCHETTI et al., 1993; HERRENKOLL et  al., 1994), Trazendo contribuições relevantes, particularmente no que se refere ao abuso sexual (BOUVIER, 1999; VANISTENDAEL, 1999). Sabemos o quão devastador pode ser um abuso para o desenvolvimento físico, social e psíquico de uma criança (AZEVEDO et al., 1993).

Dentre as conseqüências orgânicas temos lesões físicas, doenças sexualmente transmissíveis, disfunções sexuais etc. E ainda distúrbios de sono e alimentação, dificuldades de aprendizagem, fugas do lar e uso de álcool e drogas (AZEVEDO; GUERRA, 1988). Para o exercício da sexualidade adulta, Morgado (2001) elenco a desconfiança no sexo oposto, o desconforto e a falta de prazer na relação sexual com parceiros. As conseqüências psicológicas são subdivididas em dificuldades de adaptação afetiva, interpessoal, sexual (AZEVEDO; GUERRA, 1988).

            A resiliência rompe com uma noção na qual o sujeito se vê pressionado a um ciclo sem saída; apresenta-se como uma esperança e, acima de tudo, reforça uma proposta ética que impulsiona a ação e o engajamento (JUNQUEIRA, 2003).

            Em termos de prevenção, Bouvier (1999) acredita que fatores de resiliência podem estar presentes ou serem desenvolvida antes, durante e após o abuso sexual. A prevenção primária prioriza programas que buscam aumentar a resistência das crianças em casos de agressão através de um reforço do conhecimento do problema e da competência das mesmas, visando uma resposta adequada ás situações de risco. Nesse sentido, Seabra e Nascimento (1998) e Silva (1996) reafirmam a importância de uma educação que ajude a criança a valorizar seu corpo, a ter consciência de que ele lhe pertence e que ninguém tem o direito de violar seu ‘’território’’ corporal.

            Em suma, observa-se a importância e a necessidade de contextos adequados para que os adolescentes possam desenvolver o lado físico, emocional e social adaptando-se e superando todas as resiliências impostas pela vida.

A educação sexual deve ser integrada na educação cujo objetivo é a pessoa, o respeito, e certamente não separada de tudo isto e reduzida apenas a uma educação sobre a anatomia, por um lado, e a funcionalidade do órgão por outro. E a família que desempenha um papel extremamente importante no que toca à prevenção dos inúmeros casos de abuso sexual; trabalhando em conjunto com a escola, com o professor (profissional educador), poderá desenvolver diversos programas de prevenção do abuso sexual.

            As vivências abusivas tomam a mente e o corpo desprovidos de investimentos. A vida  pode propiciar ao individuo vitimizado experiências restauradoras que permitam que ele possa tornar-se sujeito do desejo e do fazer desenvolvendo o potencial criativo do seu ser, de modo que as marcas do passado deixem de pesar e de obstaculizar as vivências do presente e as perspectivas do futuro.

            A vitimização pela violência continua sendo um evento de vida negativo, que abala a resiliência de crianças e adolescentes e as expõe a sua fragilidade.

            Entendemos o abuso sexual como uma questão íntima e pessoal da criança, mas também, inserida na proteção dos direitos da criança, sendo um problema de saúde e um problema social. É necessário dar voz a essas crianças, quebrando a barreira do silêncio que cerca este assunto, para que a sociedade tome consciência da dimensão real deste problema.

            Muitas vezes, este fato influi de maneira tão intensa na vida de uma pessoa que mudará sua rotina e suas expectativas em relação à vida futura. Por a violência sexual constituir-se como uma violação de quase todos os direitos fundamentais, não adianta apenas se procurar punir o autor do fato delituoso para que se apaguem todos os traumas de uma situação de abuso.

            A violência sexual contra crianças e adolescentes é um fenômeno complexo, envolvendo questões jurídicas, psicológicas, sociais para compreender as múltiplas facetas do abuso.

            Há necessidade de mais pesquisa sobre o abuso sexual contra menores (crianças e adolescentes): prevalência, incidência, desdobramentos legais e conseqüências para a vida futura da vitimas. Devem ser criados e mantidos equipes multidisciplinares, capazes de lidar com os diversos aspectos do problema. Necessita-se de mudanças nas estruturas policiais e judiciárias com o objetivo de possibilitar o segmento dos casos a partir do registro policial e do exame médico-legal.

 

 

 

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