Meu adorável professor - por Maria Dilmar

Meu adorável professor - por Maria Dilmar

Meu adorável professor!

 

San Francisco, january 8 76, Querida Dil... Assim começavam Tuas cartas. Lágrimas me vem enquanto penso, escrevo e relembro.

Nos conhecemos em Conceição numa das minhas idas de férias. Nos anos 70. E foi “amizade” à primeira vista. Moreno lindo! Cabelo quase “blak power” morando numa casa alugada com mais outros professores, bem próximo da casa do meu pai.

Olhamo-nos, cumprimentamo-nos e pronto já desfiamos um rosário de conversas. Em instantes, já era como se fôssemos velhos e inseparáveis amigos. Por um momento, imaginei coisas, como abraços, beijos e belas declarações de amor sussurradas em meio ao frenesi que toda emoção faz nascer involuntariamente. Mas um que de mistério se instalou imediatamente entre nós e ficamos dias à deriva.

Nesse vai e vem. Uma cidade pequena os burburinhos são inevitáveis. E se a memória não estiver me enganando já estavas namorando alguém.

Mas nossa amizade foi tão forte que ao término das minhas férias me pediste meu endereço e me deste o teu de João Pessoa.

Quando recebi tua primeira carta um rubor se apoderou de mim. E mais ainda com o convite para nos encontrarmos. Estavas definitivamente de volta e queria muito me ver.

Foi de todas, a maior experiência de maturidade e entendimento que aprendi naquele nosso primeiro encontro. E foi também ali que selamos a grande e infinita amizade.

Tua revelação me fez ver o grande homem que havia em ti e o quão difícil era conseguir guardar tudo aquilo, numa alma espelhada e rica em segredos, emoções e explosões estilhaçadas.

Isso tudo aconteceu no pavilhão do chá. Bem ao lado da biblioteca pública e também do palácio do governo. Lembro que rimos e choramos de mãos dadas sobre a mesa, enquanto a famosa “garapinhada” esquentava.

Naquele dia, aprendi tanto! Era como se o mundo e toda sua essência tivesse se desnudado diante dos meus olhos. Me descobri fascinada e privilegiada por estar ali naquele momento.

Quis o destino que naquele dia muitas pessoas passassem com flores para lá e pra cá. Era véspera de finados e dia de todos os santos, que com certeza ouviram aquela conversa e ficaram extasiados com tão belas palavras e com tão ruidosas gargalhadas.

Alguém diria isso é coisa de novela! E foi! Uma linda e estonteante história de amor! Com beijos afáveis. Carinhos intensos e sem sexo. Um amor que durou muitos anos, mesmo distante. Já que foste para os Estados Unidos fazer aquela pós graduação.

Tenho também a tua última carta. Onde me contas que encontraste em Yowa a tua outra cara metade (como disseste) carnal. Num tumultuado misto de sentimentos de felicidades apertos tolos no peito e lacrimejantes suspiros diversos, também te escrevi uma última missiva. Te desejei turbilhões de coisas. Inclusive enumerei aquelas perguntas básicas que me ensinaste. E novamente viajei com a minha trupe. Foi quando perdemos o contato. 

    Mas sempre estiveste presente em minhas lembranças. Principalmente quando eu me envolvia com alguém. Lembro como se fosse agora: “Tem sininho? Pássaros cantando? Mãos suadas, frias, e ausência de voz? Pernas bambas? Coração desfilando em escola de samba?  Se tem tudo isso. Porreta! Pode aceitar que é amor! Com direito a versos, tapete vermelho e muitas pétalas de rosas!

     Quarenta anos! Muitas coisas passaram e sumiram, levadas pelo vento e pelo tempo. Menos suas cartas suas lindas palavras, cartões e seus muitos versos maravilhosos!

Nos perdemos um do outro. Sabemos entretanto, que nossa amizade jamais se extinguiu.

Por isso hoje, no dia e em nome de todos os Santos! Te mando essa mensagem de carinho, de saudades e de agradecimento pelas lindas e adoráveis lembranças. Estejas onde estiveres, para festejar nosso primeiro encontro e nosso pacto de amor infinito. Bodas de rubi, tua pedra favorita e de esmeralda, a minha.

Algum dia, de novo, como na primeira vez, nos encontraremos.

 

 

 

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