Mauricio Duarte

Mauricio Duarte

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Mauricio Duarte é natural de Niterói, RJ.  Escritor, poeta, artista plástico e ilustrador,  formado em Desenho Industrial – Programação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ.   Tem duas antologias de contos publicadas sob demanda: Conspiração Literária e Conspiração Quadrinhográfica, além das coletâneas de poemas, Poesia Brutista, Simultaneísta e Estática e Pedaços de uma vida.  Concluiu o curso de Produção Textual com a poeta Maria Regina Moura na editora Canteiros. Foi premiado pela ABD com medalhas de prata e de destaque concernentes a sua participação em salões de arte e literatura como poeta. Foi premiado também com a menção honrosa em poesia no XXXV Concurso Hermando Continentes da Argentina.

“Gostaria de ver mais livrarias principalmente fora dos grandes centros, nas periferias e no interior.  Há um número bom de editoras no país, embora elas, muitas vezes, não deem oportunidades para os novos autores, mas as livrarias são muito poucas e grande parte delas, se transformaram em grandes megastores, esquecendo do apelo e do charme das pequenas livrarias.”

Boa Leitura!

 

SMC - Prezado escritor Maurício Duarte, para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Em que momento você começou a escrever, e o que costumava escrever?

Mauricio Duarte - Comecei a escrever com 14 anos, mais ou menos, para um trabalho de escola.  Era uma história-em-quadrinhos, como não podia deixar de ser, tudo começou com as histórias-em-quadrinhos que eu lia muito na minha infância e juventude e antes mesmo de começar a ler, pedia para minha mãe ler para mim, como ela me conta. Depois eu escrevi para um concurso também no colégio, de um romance juvenil, onde eu tirei o segundo lugar.  Escrevi algum tempo após o concurso, mais um texto, um romance policial, mas esse eu joguei fora, desgostoso com o resultado. 

Tive um período em que eu não escrevi nada até chegar ao ano de 2003 quando eu retomei meus escritos e não parei até hoje.

 

SMC - Escritor Mauricio conte-nos como foi escrito seu livro de contos: “Conspiração quadrinhográfica . contos de inspiração neoísta” que temas você aborda em sua obra

Mauricio Duarte - Conspiração quadrinhográfica foi um desdobramento natural do Conspiração Literária, onde eu coloco contos que abordam a realidade com um viés neoísta.  No fundo, no fundo, tem a ver com a questão: como aproximar o conceito de Conspiração Cósmica que é um conceito alquímico, do Antigo Egito, ao do movimento neoísta, que é algo tão novo e contemporâneo?  Num dos contos, Marcos, um professor de literatura, tenta publicar uma história-em-quadrinhos adulta, sem sucesso.  Busco relacionar, nos meus contos, a trajetória de personagens que estão numa encruzilhada de suas vidas com uma estética do neoísmo em narrativa. Conspiração quadrinhográfica enfoca um aspecto editorial da HQ, de como a nossa imaginação tem sido envenenada de todas as formas pela mídia, especialmente, nas histórias-em-quadrinhos. 

 

SMC - Qual o foco do seu livro filosófico da arte: “Confluência dos quadrinhos na contemporaneidade .  Trem de Ferro.”? A quem você indica a leitura desta obra?

Mauricio Duarte - Eu escrevi esse livro quando eu era aluno ouvinte do Mestrado em Ciência da Arte da UFF de Niterói . RJ.  Não cheguei a completar o curso, mas isso de forma alguma tira o brilho do livro que discorre sobre três histórias-em-quadrinhos famosas e de alta qualidade no meio dos quadrinhos: Arzach de Moebius, Sin City de Frank Miller e O Bebê de Valentina de Guido Crepax.  Além da minha obra pessoal, Trem de Ferro, no final do volume.  O trabalho coloca como os quadrinhos possuem uma linguagem própria, que difere sensivelmente do cinema e da fotografia, por exemplo.  E especialmente como essas três obras se relacionam, mesmo sendo tão diferentes no tempo, no espaço e em temáticas.  Indico a leitura a todos aqueles que apreciam uma boa história-em-quadrinhos.

 

SMC - Que temas você aborda em seus livros de poesia? O que mais lhe inspira a escrever sobre estes temas?

Mauricio Duarte - A poesia aconteceu para mim como um achado espiritual... estou sempre lidando com o imaginário mais lúdico e mais apto a sacolejar os leitores no que eles possuem em essência, questionando os ditames da própria vida.  Busco além da espiritualidade, temas relacionados a vida urbana contemporânea e suas contradições. 

A própria vida me inspira muito, com suas limitações, seus desejos e seus amores.  A poesia me encanta e me faz recordar que estou vivo.  Houve períodos da minha vida que eu escrevia um poema por dia, agora estou menos produtivo, mas ainda escrevo muito.

 

SMC - Você, hoje, usa dois nomes, conte-nos como surgiu o nome de sannyasin: Swami Divyam Anuragi? o que diferencia o Swami Divyam do Maurício Duarte?

Mauricio Duarte - O nome Divyam Anuragi surgiu quando eu tomei sannyas pelo OSHO, um guru indiano, que ficou famoso nos anos 1970 e 1980.  Foi um marco na minha vida a devoção a esse caminho espiritual, como é até hoje. 

O Anuragi de hoje é mais maduro do que o Mauricio de ontem.  Sei diferenciar entre o que me mobiliza para escrever um texto ou para pintar uma tela do que me mobiliza para praticar meditação, por exemplo.  É importante isso, porque muitas vezes, o autor pode se confundir entre o que é expressão do seu trabalho como artista e o que é de foro íntimo e que deve ficar reservado à questões pessoais.

 

SMC - De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?

Mauricio Duarte - Divulgo meu trabalho em coletâneas de vários autores, digitais ou impressas, no Brasil e em Portugal.  Utilizo o site recanto das letras (https://www.recantodasletras.com.br/autores/mauricioduarte ) que possui a maioria dos meus textos e também as redes sociais como o facebook https://www.facebook.com/mauricio.a.duarte,  twiter https://twitter.com/Anuraghi  e o Orkut https://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=4225754314378467311 .

 

SMC - Onde podemos comprar os seus livros?

Mauricio Duarte - Pode adquirir exemplares dos meus livros pelo Clube de Autores:

Pedaços de uma vida . antologia de poesia . https://www.clubedeautores.com.br/book/137277--Pedacos_de_uma_vida

Poesia Brutista, Simultaneísta e Estática . poemas rebeldes . https://www.clubedeautores.com.br/book/37025--Poesia_Brutista_Simultaneista_e_Estatica

Conspiração quadrinhográfica . contos de inspiração neoísta . https://www.clubedeautores.com.br/book/36990--Conspiracao_quadrinhografica

Meu e-mail é:  duarte.mauricioantonio.maurici@gmail.com

 

SMC - Escritor Maurício, quais seus próximos projetos literários?

Mauricio Duarte - Atualmente estou escrevendo um romance a partir do projeto do site Desafios dos escritores do núcleo de literatura da Câmara dos deputados de Brasília.  O romance está no capítulo 11 de um total de 22 capítulos e é sobre Nonato, um devoto que faz uma grande caminhada da sua casa até Juazeiro do Norte onde vai assistir uma romaria à Nossa Senhora das Candeias.  Nonato acaba se tornando santo e essa trajetória (de um dia na vida do personagem) é contada na história.

 

SMC - Como é o seu trabalho como artista visual?  E como sua atuação como artista plástico se relaciona com o seu processo de escrita em literatura?

Mauricio Duarte - Para mim, pintar é deixar fluir a criação, espontaneamente.  Deixar que venha a inspiração plena de gozos e prazeres.  É assim que entendo meu movimento em direção às artes visuais.  Para mim, é necessário deixar a arte falar através da minha pessoa, através das minhas mãos.  A arte é que fala, não eu.  Penso num expressionismo abstrato, montanhas de configurações nas quais me deleito ao realizar, pesquisando e investigando o meio que estou utilizando. 

O trabalho como artista visual é fundamental para que eu possa ampliar os horizontes da criação literária e vice-versa.  Hoje vivemos numa cultura imersa em imagens e signos pop, altamente veiculada pelas diversas mídias.  Reutilizo tudo isso, em minha arte e literatura.

 

SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?

Mauricio Duarte - Parece anacrônico o que vou dizer, em plena era digital, mas acho importante: o número de livrarias no Brasil é muito pequeno.  Gostaria de ver mais livrarias principalmente fora dos grandes centros, nas periferias e no interior.  Há um número bom de editoras no país, embora elas, muitas vezes, não deem oportunidades para os novos autores, mas as livrarias são muito poucas e grande parte delas, se transformaram em grandes megastores, esquecendo do apelo e do charme das pequenas livrarias.  Adoro folhear livros, o contato com o livro é essencial, na minha perspectiva.  O livro digital tem o seu lugar e cada vez mais vai aparecer, mas acredito que devia ser dado um incentivo às pequenas livrarias e ao livro convencional.

 

SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Mauricio Duarte, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Mauricio Duarte - Gostaria de dizer que hoje vivemos um tempo realmente singular, onde se diz justiça, mas vemos "prisão-escola de crimes", onde se diz livre escolha, mas vemos “aborto incentivado”, onde se diz tratamento psiquiátrico e vemos “amontoado de pessoas sem esperança num manicômio”.  Um tempo com contrariedades muito grandes.  Para os jovens digo que o mais importante é cultivar uma personalidade que valha a pena, porque persona vem de máscara, o som que vem da máscara, portanto que leia bons livros, veja bons filmes, assista boas peças de teatro, vá a boas exposições de arte.  Até para que esse jovem, essa jovem possam transcender essa persona, essa máscara quando estiverem mais maduros e/ou para que possam expressar-se como artistas de um modo pleno.

 

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