Maria Lascasas - Um Braçado de Estrofes - Entrevistada

Maria Lascasas - Um Braçado de Estrofes -  Entrevistada

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Maria Lascasas é um pseudónimo de Maria Beatriz Ferreira. Natural de Gondomar, 1950.  É Praticante de actividades de ar livre – montanha – sócia nº 156 da Federação de Montanhismo de Portugal.

Licenciada em História pela Universidade do Porto (1983), obteve o grau de Mestre pela Universidade do Minho

 

Transpostos para o papel em branco, “Um Braçado de Estrofes” deixa antever o quotidiano e oferece uma variedade temática valiosa, creio eu, para uma apreciação do sentido da vida. É de vida que se trata, é um abraço do tamanho do mundo, para o Mundo.

 

Boa leitura!

 

Escritora Maria Lascasas, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais a encanta nos textos poéticos?

Maria Lascasas - O que mais me encanta é o sentido da poesia propriamente dita. É o sentimento    em acção através da palavra escrita. É a arte de se sentir exprimindo uma dualidade de sentidos,  tão frios quanto quentes, tão longínquos quanto perto de cada um. Cada texto - seja formal ou não - tenha rima livre ou bem estruturada é um documento vivo,  em trocadilhos por vezes próximos da realidade.

São mágicos e é tudo.

 

Quais temáticas estão sendo abordadas em seu novo livro “Um Braçado de Estrofes”?

Maria Lascasas - “Um Braçado de Estrofes” não se circunscreve a um tema específico, nem obedece a qualquer critério ou regras rígidas de escrita: Versa, isso sim - com rima livre - tanto a noite como o dia, as estações do ano e a natureza no seu explendor, perpassando do mar à montanha os diversos matizes que os sons e as cores nos oferecem.

O amor e a vida, a vida e a morte, numa introspecção sistemática rodeiam os demais temas.

Transpostos para o papel em branco, “Um Braçado de Estrofes” deixa antever o quotidiano e oferece uma variedade temática valiosa, creio eu, para uma apreciação do sentido da vida. É de vida que se trata, é um abraço do tamanho do mundo, para o Mundo.

 

Quais critérios foram utilizados para escolha do título?

Maria Lascasas - Só existiu um critério pessoal na escolha deste título:

     -  procurar que o conteúdo coubesse todo numa frase. Encaixar cada palavra e cada estrofe na emoção da escrita.  Sem descorar a questão semântica, resumir a construção dos poemas sempre num diálogo constante entre cada um deles e a mensagem  de que os meus dedos se iam vestindo em cada imagem.

 

Apresente-nos um dos textos publicados em “Um Braçado de Estrofes”

Maria Lascasas - Claro, com muito prazer:

 

Não acredito em dias perfeitos

 

Os gestos repetidos

que ofereces

no silêncio do cansaço em que adormeço

o meu grito de crente

pressente

que o dia não está – ainda – terminado

ficou assim

sem resposta, inacabado

 

Eu que desperte só na eternidade

 

Que, da noite me resta

a capa transparente

de um sono incompleto

e massacrado

 

Chamo por ti

nem ouves, nem respondes

já meu corpo, arrojado, se cansou

E, de manhãzinha – o corpo – ao sol

agradeceu

ser outro dia agora

seja ele perfeito, seja outro eu.

 

Sabemos que os textos tem um pedacinho do autor. Comente sobre o momento de escrita deste texto poético.

Maria Lascasas - Se a poesia é, em si mesma, uma arte – a literatura – importa que nos detenhamos na análise de nós mesmos. Existe um pouco de paixão pela escrita, a fome de transformar ideias em páginas inteiras, na busca incessante de uma “perfeição” vestida do inacabado poema e, adormecemos no cansaço para um acordar onde todo o corpo esconde o silêncio e o grito.

Cada momento é único. Nem sempre passível de explicação em discurso acessível,

simples e harmonioso.

Neste, procurei uma transparência tão longínqua quanto próxima, tão fria quanto quente, que exprimisse um sono massacrado pela insónia.

 

Onde podemos comprar o seu livro?

Maria Lascasas - O livro poderá ser  adquirido na editora Modocromia, através de modocromia.editora@gmail.com   , na distribuidora Dinalivro, na Livraria Bertrand ou pelo meu email: marbelha.ferreira- gmail.com

 

Temos conhecimento de que este é o seu quinto livro editado, tem tido facilidade nas vendas?

Maria Lascasas - É o quinto livro e não tem sido fácil vender.  É um investimento e um prazer que pessoalmente se vai aguentando pelo grato que é ver que há semprer alguém que nos elogia. Não tem havido lucros.

 

Sabemos que já temos livro novo no prelo. Apresente-nos, o seu novo livro de crônicas.

Maria Lascasas - Com alguma espectativa,  espero fique pronto em Setembro de 2018. Este livro de crónicas resultou de um concurso, criado pela Editora Papel D’Arroz, e tem o ttítulo de “Qualquer vida poderá dar um filme”.

Resumidamente poderei acrescentar que  assenta no diálogo entre dois amigos que procuram o som do mar para desfiarem histórias com seis décadas de existência. Num diálogo quase perfeito, misturam-se a voz da introspecção e a crueza da realidade. Vestiram palavras para colocar no ar e no papel vidas em discurso directo e poético.

Os factos não são a sua história, são sim o pano de fundo sobre o qual teceram os seus caminhos e apontadores da sua própria cronologia e reflexão. Trocam e revivem memórias pessoais e revisitam lugares em nome do amor que a vida lhes roubou cedo de mais.

 

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Maria Lascasas - Partindo do princípio de que, se escrevo logo sou escritora, sinto necessidade de referir que aqui impera um pouco de bom senso. Nem tudo que se escreve poderá ser considerado um “bom texto”.  Alindamos por vezes algumas verdades e deixamos nascer o poema nú e crú geralmente bem vestido de seda deslizante. Sonhamos o livro e a obra sai.

O meu principal objectivo é obter visibilidade através de um público mais alargado do que aquele que ainda detenho e que dificulta a venda dos livros. Analisar a avaliação que o público específico venha a fazer do meu trabalho, será a tarefa fundamental.

Terei que repensar  - de futuro -  se escrevendo sinto libertados males maiores que a ansiedade, ou até o medo, venha ele do papel em branco, venha do escape moribundo da minha voz no rebentar mais profundo das palavras.  Reanalisarei se valerá a pena editar ou deixar na gaveta.  Parar nunca. A situação porém, está incomportável.

 

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Maria Lascasas. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Maria Lascasas - Muito obrigada. Gostaria, antes de finalizar, de  agradecer àqueles que me têm - de alguma forma apoiado - dando seus pareceres e divulgando o meu trabalho, num abraço. Aos outros que pretendam iniciar esta febre de escrever, deixo um apelo de criatividade.

Sejamos diferentes na forma e no método e criemos beleza na melodia que as palavras têm quando as soltamos no momento certo.

 

Nunca haverá formula perfeita.

 

Porto, 23 de Julho de 2018

 

 

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