Luciane Martins Monteiro - Entrevistada

Luciane Martins Monteiro - Entrevistada

Universo feminino entre contos em ‘Taça escarlate’

Foto: Fernanda Vieira.

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

 

LUCIANE MARTINS MONTEIRO é natural de Paranaguá, residente em Curitiba. Graduada em Letras pela PUC/PR, pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pelo CEFET/PR e em Ensino de Jovens e Adultos pela Faculdade São Braz. Professora concursada, atualmente leciona inglês para alunos do Ensino Médio no Colégio Estadual São Pedro Apóstolo. Participou das antologias Pó&Teias 1 e 2, com o Grupo de Escritores Glória Kirinus e da Antologia Conto Brasil, pela Editora Trevo. Lançou, como escritora independente, o e-book “Estela Becker, solitária e intensa” e o livro “História de uma vida: Memórias de Dona Nilce”, ambos pelo site KDP Amazon. É autora do livro de contos “Taça Escarlate”, da editora Inverso.

 

“O livro trabalha o universo feminino, retratando os anseios e desassossegos da mulher. Aborda a carência, a ausência de si mesmo, infertilidade, fins e recomeços, entre outros temas. É uma homenagem a todas, não apenas as que se superam, mas as que ficam pelo caminho ou se refugiam em devaneios.”

 

Boa Leitura!

 

Escritora Luciane Monteiro, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela arte de escrever?

Luciane Monteiro - Sempre gostei de ler romances. Ficava tão empolgada que cheguei a passar uma noite em claro para finalizar a leitura. Foi daí que comecei a criar minhas próprias histórias, pois queria eu mesma definir o andamento e o final das tramas. Meu primeiro romance foi escrito aos treze anos e, desde então, não parei mais de criar narrativas e poesias. Claro que eram textos despretensiosos que eu mostrava apenas para minhas sobrinhas e amigas (leitoras fieis desde então). Foi a partir da faculdade de Letras que passei a aprimorar os textos e ver o potencial que eles tinham para serem publicados. Quanto mais eu lia grandes escritores na faculdade, mais eu escrevia e mais me apaixonava pela arte de escrever. Então me aproximei de outros autores, participei do Grupo de Escritores Glória Kirinus, na BBPR, e lançamos juntos duas antologias, que foram minhas primeiras experiências com publicação.

 

Como surgiu “Taça Escarlate”?

Luciane Monteiro - Taça Escarlate vem sendo construído há muitos anos a partir de textos onde exploro a subjetividade e as angústias do ser humano.  Para reunir em livros, separei de um lado os personagens masculinos e de outro os femininos. O livro foi tomando forma, ganhou novo título, perdeu alguns textos, ganhou outros, sempre explorando a fundo a instigante capacidade da mulher de sentir tudo de forma tão intensa. Não foi fácil publicar, muitas vezes desisti do sonho de escrever, engavetei o livro, desengavetei, guardei novamente. Então, voltei a sonhar de novo, pois, como menciono no livro, lá da gaveta minhas personagens pediam para criar asas e chegar até o leitor. E aí está o Taça Escarlate, ganhando novas moradas e, espero, causando alguma inquietação.

 

Quais temáticas estão sendo abordadas na obra?

Luciane Monteiro - O livro trabalha o universo feminino, retratando os anseios e desassossegos da mulher. Aborda a carência, a ausência de si mesmo, infertilidade, fins e recomeços, entre outros temas. É uma homenagem a todas, não apenas as que se superam, mas as que ficam pelo caminho ou se refugiam em devaneios.

Sempre admirei a força feminina e fui inspirada por mulheres fortes, como minha mãe e minhas irmãs, que são exemplo de persistência para mim. Acho que a mulher é irrepreensível em sua capacidade de temperar força e feminilidade, porém elas são diferentes e cada uma é uma história, cada uma enfrenta seus dissabores de maneiras diferentes. Então, a ideia é que minhas personagens causem sentimentos diversos. admiração, enternecimento ou mesmo repulsa. Até a reação do leitor é interessante de analisar!

 

Apresente-nos o livro

Luciane Monteiro - O livro traz contos que retratam os anseios da mulher, suas buscas, batalhas e descobertas. São almas femininas que se expõem em cada narrativa; umas desfalecem enquanto outras se libertam e alcançam sua plenitude. 

São trinta contos onde o real e o psicológico se fundem, sempre com uma pincelada de devaneio e encantamento. A história é, muitas vezes, o pano de fundo para explorar a mente agitada da mulher, suas aflições. Algumas revelam momentos de descoberta da força interior, do “eu-selvagem”, outros trazem histórias tocantes de perdas ou “resgates”: da alma, da força, de um amor. Mas o amor que mais conta aqui é o amor próprio, uma sutil descoberta que muitas não fazem, pois nem todas conseguem ouvir esse chamado interior para uma vida plena.

 

Quais critérios foram utilizados para escolha do título?

Luciane Monteiro - Tendo em vista que a cor escarlate está reiteradamente associada à mulher, que é a conexão temática das narrativas, a “taça” faz referência ao conteúdo do livro, onde se beberá muito do universo feminino. Além disso, há ainda a correlação com a flor “taça escarlate”, bonita e venenosa, usada medicinalmente pelos índios no trato do aparelho reprodutor feminino. E não é intrigante como temos a capacidade de nos curar ou nos envenenar com nossa força interior, dependendo do direcionamento que damos a ela?

E, por fim, tudo isso se unindo ao elemento surpresa de um título que desperte a curiosidade no leitor.

 

Quais os principais desafios para escrita de “Taça Escarlate”?

Luciane Monteiro - Escrever é sempre um desafio para mim, embora seja minha paixão. Isso porque eu estou constantemente reescrevendo, modificando e demoro a me convencer de que a obra está pronta. Uma vez cheguei a ficar entre os dez primeiros lugares num concurso nacional com esse livro, o que não foi suficiente para acreditar no potencial dele, já que não ficou entre os que iriam para a publicação. Por isso foi um desafio para mim desengavetar a obra, mexer de novo, revisar, encarar os editores, ouvir opiniões.  Seguir meu instinto e colocá-lo no mercado literário. Mas ao final, ele ficou lindo, registrando para sempre as mulheres que criei para retratar um pouco de todas.

 

Além desta obra você tem mais duas obras publicadas. Apresente-nos as obras publicadas.

 “Estela Becker, solitária e intensa” foi uma experiência que eu fiz para aprender a explorar o formato e-book. Conta a história de uma cantora à procura do amor, indo a dois extremos, um romance que dá ibope e uma história sem futuro, quando ela, cansada de desilusões, decide radicalizar.

É um romance leve e despretensioso, onde a história é mais uma vez o pano de fundo para retratar a busca da mulher por um crescimento pessoal. Embora alguns não compreendam o final, ele só revela o amadurecimento da personagem que, ao longo da trama, tem como propósito mostrar que o amor não pode ser encontrado no outro se não existir em si mesmo. O enredo não revela apenas histórias de amor, mas uma forma de amar a si mesma, retrata o caminho percorrido por uma estrela da música para descobrir sua própria essência.

 

“História de uma vida: Memórias de Dona Nilce” é um livro que fala sobre o ciclo da vida, esse mistério que tanto nos intriga. Ele reúne as lembranças de uma mulher que foi uma inspiração para a família, um exemplo de vitalidade e vontade de viver.

Minha mãe adorava reviver suas histórias e um dia eu lhe disse que elas dariam um livro. Levei a ideia tão a sério que fiz um totalmente artesanal como presente para ela. Depois que ela se foi, familiares e amigos queriam uma versão também, foi aí que surgiu o livro impresso revisado e atualizado, compartilhando suas histórias tristes e engraçadas, suas lutas e, principalmente, a forma intensa com que amou a vida e aos seus.

 

Onde podemos comprar os seus livros?

Luciane Monteiro - “Taça escarlate” pode ser adquirido online pelo site da Editora Inverso, Lojas Americanas, Submarino e Shoptime. Em lojas físicas, na Livraria da Vila Shopping Batel e na Livraria Curitiba do Shopping Estação. Também pode ser adquirido à pronta-entrega comigo, contatando pela minha página “Subjetiva”, no Facebook ou Instagram.

 

“Estela Becker” e “História de uma vida” estão disponíveis no site da Amazon, sendo o primeiro apenas em formato e-book.

Ainda há a antologia Conto Brasil Vol.3, disponível no site da Editora Trevo, da qual eu participo com um conto.

 

Quais os seus próximos projetos literários?

Luciane Monteiro - Tenho muitos projetos literários! E como alguns leitores vinham me pedindo a publicação de um romance, um deles, “A última tempestade”, já está finalizado, com data de lançamento prevista para 08/03 desse ano. A sessão de autógrafos será dia 02/04 na Livraria Curitiba.

Trata-se de um romance que aborda violência doméstica, física e psicológica, tema bem pertinente à triste realidade que vivemos hoje em dia com o gritante número de feminicídios. Contudo, o foco deste livro não é apenas a violência doméstica, mas a esperança e persistência em um recomeço.

Tenho ainda um livro de contos com uma temática bem diferente do Taça Escarlate. São textos de humor mais ácido, focando dessa vez nas mazelas do ser humano, mas de uma forma leve e divertida. Além, é claro, do livro de contos com os personagens masculinos para não deixar os homens de lado, pois gosto de explorar o psicológico deles também!

Também em processo de análise tenho outra narrativa, bem mais leve, Nas Montanhas de Monte Verde, atendendo ao meu público que adora romances. E, apenas para constar, também estou revisando meus livros para o público infantil. Afinal, sempre me encantei por essas histórias e criei algumas para divertir minha filha e meus sobrinhos. Contudo, acredito que divertiriam outras crianças também.

Enfim, são muitos projetos, pois minha paixão por escrever é quase compulsiva!

 

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Luciane Monteiro. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Luciane Monteiro - Primeiramente, que leiam muito!!! Leiam meus livros, leiam outros autores, dividam essa paixão para que resista à época de domínio das tecnologias.  Em segundo lugar, quero agradecer a todos que têm me acompanhado, estando presentes de maneira tão carinhosa em eventos ou na internet, ou com mensagens carinhosas.

Quero convidar a todos para me acompanhar na página Subjetiva no Facebook e Instagram, curtirem os textos, enviarem mensagens. Vou adorar trocar ideias com cada um, lembrando que adoro ouvir histórias!

 

 

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