Lindevania Martins - Entrevistada

Lindevania Martins - Entrevistada

Defensora pública apresenta ‘Zona de Desconforto’

 

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Lindevania Martins é graduada em Direito com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA). Defensora pública atuando no Núcleo Especializado de Defesa da Mulher e População LGBT. Poeta e contista. Primeiro lugar por duas vezes consecutivas no Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, categoria contos. Possui contos e poemas publicados em mais de 20 antologias nacionais e internacionais, bem como revistas.  Autora dos livros de contos “Anônimos” (Prefeitura de São Luís, 2003), “Zona de Desconforto” (Editora Benfazeja, 2018)e “Longe de Mim” (Sangre Editorial, 2019).  Escreve nos blogs Catálogo de Indisciplinas e Bookfilia.

 

“Tive a felicidade de ouvir de muitos leitores que eles se identificaram com essas histórias e que isso fez com que eles se vissem de novas formas, se apropriando da força sentida nas narrativas.”

 

Boa leitura!

 

Escritora Lindevania Martins, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor – especial Mulherio das Letras. Conte-nos, o que mais a encanta nos contos.

Lindevania Martins - Essa questão do encantamento na escrita, em especial nos contos, é algo sobre o que tenho pensado muito. Se a vida não tem sentido, o texto ficcional exige de quem escreve uma intenção, um projeto definido. Então, às vezes me parece que escrever é uma forma de dominar e controlar aquilo sobre o que não se tem domínio ou controle.  Uma forma de conferir sentido aquilo que nem é conhecido e nem é coerente.  O  conto, por ser uma forma breve, permite que eu exercite melhor essas disposições, reinvente as histórias e os contextos que me desagradaram, como um agente ordenador e ás vezes até vingativo, longe das impotências que frequentemente caem sobre nós no dia a dia.

 

Em que momento se sentiu preparada para publicar o seu primeiro livro solo.

Lindevania Martins - Nunca senti. Por isso tive que submeter meu primeiro livro solo, que foi “Anônimos”, à um concurso literário. Buscava validação. Quando fui premiada, o que consistia  em recebimento de um valor em dinheiro e publicação de centenas de exemplares do livro sem qualquer ônus financeiro para mim, comecei a pensar que talvez não fosse tão ruim. Isso foi bom porque me motivou para continuar a escrevendo.

 

Apresente-nos “Anônimos”?

Lindevania Martins - “Anônimos” consiste em uma coleção de 18 contos escritos durante vários anos, com ânimos diversos. Há desde narrativas solares e poéticas até contos mais crus, marcados pela violência que atravessa nossos dias. Exemplos do que acabo de mencionar são os contos “Pescaria”, que acompanha dois irmãos brincando de pescar com a avó em um dia bucólico, e “Veia”, no qual um casal de amantes comete um assassinato apenas para que exista uma ligação terrível entre eles, que nunca será desfeita.

 

Dezesseis anos, após ter publicado “Anônimos”, surge “Zona de Desconforto”.  O que os diferencia.

Lindevania Martins - Maturidade. Em “Anônimos”, havia mais experimentação, cada narrativa se passando em universos  muito diferentes. Sendo meu primeiro livro solo a ser publicado, ainda estava em busca do “meu modo” de narrar. Em “Zona de Desconforto”, possuo uma linguagem mais trabalhada  e desenvolvo temas que possuem grande afinidade entre si. Os contos possuem mais unidade e creio que já encontro a minha dicção, assumindo minhas singularidades. Essas diferenças são o reflexo da passagem do tempo em mim: já não sou mais a mesma pessoa e me sinto mais confortável na minha pele hoje do que quando era mais jovem.

 

Apresente-nos “Zona de Desconforto”

Lindevania Martins - São oito contos cuja tônica é a rebelião contra certos padrões, o que nem sempre é fácil e que pode ter consequências muito graves. Costumo dizer que meus personagens, em “Zona de Desconforto” -  que é um livro muito centrado nas mulheres embora também tenha personagens masculinos fortes, se encontram em áreas de fronteira, percorrendo os limites entre dever e desejo, entre o certo e o errado, com uma vontade profunda de liberdade. São seres que caminham por espaços hostis, cientes dos perigos que correm e da necessidade de não se render a eles. Tive a felicidade de ouvir de muitos leitores que eles se identificaram com essas histórias e que isso fez com que eles se vissem de novas formas, se apropriando da força sentida nas narrativas.

 

Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura desta obra literária.

Lindevania Martins - Quem escreve tem seus objetivos e eles podem se realizar ou não. Em “Zona de Desconforto”, queria que os leitores conhecessem modos de vida que geralmente não se encontram nas narrativas tradicionais. Queria que eles pudessem acessar essas pessoas de papel de dentro: de dentro das suas mentes, das suas fantasias e das suas obsessões. Espero ter conseguido.

 

Soube que temos livro novo no prelo, a ser lançado ainda em 2019. Apresente-nos um pouco do seu novo projeto literário.

Lindevania Martins - O livro novo se chama “Longe Mim” e deve ser lançado em agosto próximo. Trata-se de um conto longo que venceu um concurso promovido pela OAB Nacional. Possui protagonistas mulheres fortes e determinadas que, sem querer, se envolvem em um crime.

 

Onde podemos comprar os seus livros

Lindevania Martins - Zona de Desconforto pode ser comprado pela internet, nas Lojas Americanas,  Amazon, Submarino, etc.

Link para Lojas Americanas: encurtador.com.br/DKTZ6

Mas todos os três livros também pode ser encomendados diretamente comigo, pelo e-mail zdesconfortolivro@gmail.com

 

Quais seus principais objetivos a serem alcançados por meio da literatura.

Lindevania Martins - Acho que sempre li e escrevi para compreender: compreender o mundo em que vivemos, o significado que podemos dar a nossas vidas e as nossas alianças com os outros seres humanos. Escrever, em especial, me faz compartilhar essas inquietações com outras pessoas e tem me feito aprender muito através das devolutivas que recebo dos leitores. Então, meus principais objetivos são: ser lida, estabelecendo esse diálogo com os leitores, e alcançar algum tipo de entendimento.

 

Está é uma edição especial para o Mulherio das Letras. Você que é um membro ativo, participativo, conte-nos, como você vê a literatura feminina.

Lindevania Martins - A literatura de autoria de mulheres constitui um universo extremamente rico e que precisa ser mais explorado e conhecido. Vejo com muito otimismo as nossas perspectivas.  As mulheres escritoras estão engajadas em suas ações e projetos, conscientes de que ainda não alcançamos a igualdade de gênero, inclusive no campo literário, conscientes de que temos um longo caminho a percorrer, mas que já conseguimos mudanças  culturais significativas que tem permitido às mulheres voz e reconhecimento. Grupos de leitores, em especial de leitoras, estão mais atentos à produção das mulheres, bem como profissionais ligados à cadeias de livros. E isso inclui pensar de modo interseccional para que se valorize também a diferença entre as mulheres, com visibilidade para a produção das mulheres negras, periféricas, lésbicas, trans, indígenas, etc.

 

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Lindevania Martins. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Lindevania Martins - Agradeço a entrevista e parabenizo a Revista Divulga Escritor por esse espaço literário. Ás leitoras e aos leitores, peço que busquem as obras das mulheres nas livrarias, nas bibliotecas e que cobrem nos eventos a nossa representação.

 

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