Heráclito - por Maurício Duarte

Heráclito

A escola eleática tentou terminar o dualismo entre o permanente e a mudança, dando realidade à mudança. Mas o fenomenal continua como dado pela experiência dos sentidos. Ainda há o Um e o muitos. A unidade da razão e multiplicidade do senso. Heráclito reconcilia os dois e mostra como ambos existem num perfeito monismo, o um no muitos e o muitos no um; sendo verdade nem o um nem o muitos, mas a união – o fluxo e o refluxo – o que está por vir. A doutrina de Heráclito geralmente é dita como obscura. Cudworth chama-o de um “filósofo confuso” e Sócrates, com ironia gentil, diz do seu livro concernente à natureza que o que ele entendeu dele é excelente e o que ele não tem dúvida que não entendeu, é igualmente bom. Trazendo-o como vindo depois de Parmênides e colocando-o com os mesmos problemas da Escola Eleática, nós podemos perguntar a ele a questão: “Oque é o universo?” “É ser ou não-ser?” e as respostas: “Não é nenhum dos dois, porque é ambos.” Tudo é e tudo não é; enquanto vem no ser, ainda, em seguida, cessa de ser. Da mesma onda, nós descendemos e logo não é a mesma onda. Nós somos e, ao mesmo tempo, não somos. Nós não podemos descender duas vezes na mesma onda, porque ela está sempre espalhando e coletando ela mesma de novo ou ainda, ao mesmo tempo, ela está fluindo para nós e fluindo de nós. A realidade do ser não é um regaço eterno, mas sim, uma mudança sem cessar. Heráclito não desfez-se dos sentidos, como os eleáticos, ele os trouxe para as buscas do conhecimento, levando-nos a experimentar os canais da inteligência universal e tornando-nos participantes da razão comum. Nós chegamos na verdade, em proporção do que nós participamos da razão. O que quer que seja particular como oposto do que é falso. “Inalando através do fôlego universal, que é a razão universal, nós nos tornamos cônscios. No dormir nós estamos inconscientes, mas despertos, nós nos tornamos de novo, inteligentes, enquanto que no dormir, quando os órgãos dos sentidos estão fechados, a mente é levada de todos as assuas simpatias com o que a circunda, a razão universal e a única conexão é o fôlego, como seja, uma raiz. Por essa separação a mente perde o poder de coleção. Contudo, ao despertar, a mente recoloca sua memória através dos sentidos como se resume sua inteligência. Como combustível quando levado junto ao fogo, é alterado e se torna inflamável, mas sendo removido de novo, se extingue assim como a porção do todo que viaja pelo nosso corpo, torna-se mais irracional quando separado dele, mas na restauração dessa conexão, através de muitos poros e enseadas, torna-se de novo similar ao todo.”

            Essa doutrina como foi anunciada aqui, pode ser contrastada como o eleatismo que acha certeza apenas na razão pura, enquanto Heráclito encontra os sentidos para serem meios de comunicação entre a mente e a razão universal; ainda depois do contraste, a doutrina da unidade no ser é a mesma. Com um, a realidade é permanente, com o outro, está por vir. Em ambos os casos, o Um é o todo. Heráclito foi originalmente da escola iônica mas alguns dizem-no discípulo de Xenophanes. Aristóteles diz que ele botou fogo no primeiro princípio do mesmo modo que Tales jogou água e Anaximenes, ar. “O universo” diz Heráclito, “sempre foi, é e sempre será um fogo vivo, inalterável e, ao mesmo tempo, em conjunto com o poder do pensamento e do conhecimento.” A relação entre fogo e o que se tornará, nós não sabemos e podemos apenas conjecturar. Esteve Heráclito na Pérsia? Foi ele um operário do fogo? Ele aprendeu de Ormuzd, a fonte da luz – o todo do elemento que abarca todas as coisas num fluxo? E chamou ele, como os persas, com uma indiferenciada diferença, o símbolo do primeiro princípio da criação e de novo, o princípio ele mesmo? Por esse fogo, Heráclito ilustra a eterna transformação e a transposição do que vem a ser. Ele faz o substrato do movimento, a origem e a energia da existência. Na luta da luz e da escuridão, o universo desperta. “Luta” ele diz “que é a parente de todas as coisas” “ O um separando ele mesmo dele mesmo, une-se a ele mesmo e de novo.” Em outro lugar, ele diz: Unir o todo e o não-todo, o complementar e o não-complementar, o harmonioso e o discordante e então, nós teremos o um vindo do todo e o todo vindo do um.”

 

Livre Tradução do escritor e artista visual Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) do livro Pantheism and Christianity . John Hunt . 1884 . Religião Grega . Heráclito

 

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