Entre a parcimônia e o existencialismo - por Maurício Duarte

Entre a parcimônia e o existencialismo

 

                Viver a 100 por hora, aproveitando tudo e todos em grau máximo, sendo um produtor profícuo no trabalho, e, também, ser um bon vivant de grandes celebrações e intensas relações?...  Ou viver com rigidez e comedimento máximos, organizando seu cotidiano de modo laborioso, mas sem felicidade, e aproveitando parcamente os poucos momentos de lazer em uma constante diligência?

                Pode existir um equilíbrio entre esses dois caminhos.  Mas, definitivamente, não é fácil de se conseguir.  Por que será?  A dualidade da nossa mente e da nossa própria existência humana podem explicar isso.  Tendemos a escolher um lado do pêndulo em tudo.  Ou somos espartanos ou somos negligentes, ou somos frios ou somos apaixonados, ou somos rígidos ou somos permissivos.  Uma história budista ilustra muito bem essa realidade: Certa vez um dos maiores festeiros e adepto desregrado dos prazeres mundanos da época de Sidarta Gautama resolvera tornar-se um discípulo do mestre.  Dedicara-se com empenho hercúleo a todas as asceses regulamentadas na devoção e, ia ainda mais profundamente, praticando as mortificações de modo mais duro do que todos.  Buda observou seu comportamento e, sabendo que o homem em sua vida pregressa havia sido um exímio tocador de cítara, aproximou-se e propôs a seguinte questão; o que acontece quando as cordas do instrumento musical estão frouxas?  Não há música possível, foi a resposta.  E o que acontece quando as cordas do instrumento estão muito retesadas?  Também a música se torna difícil, respondera o homem.  Assim é conosco, com nosso espírito, para que toquemos a música universal do divino precisamos seguir o caminho do meio, nem de mais, nem de menos. 

Alguém pode dizer que tal procedimento não é cristão, porque já dizia Cristo, ou sejamos frios ou sejamos quentes; mornos eu vomitarei.  Mas essa interpretação é altamente tendenciosa a meu ver, escondendo a verdadeira sabedoria, na qual, também a partir de Jesus, temos que, sejamos puros como o cordeiro e cautelosos como a serpente, ao mesmo tempo, em linhas gerais, seria o melhor a ser feito na maioria das situações de acordo com o Divino Espírito Santo.

Uma atitude de forte sujeição moral ou comportamentais por condutas de esquemas e sistemas que nos tornem embotados para a realidade não são, de modo nenhum, recomendáveis para uma elevação espiritual que, somente pode ser alcançada com o cultuar da sensibilidade e da harmonia.  Onde, de outro modo, tais atitudes sensíveis não podem se confundir com excessos de celebração, de luxúria ou narcotizantes, dentre outros...

Em suma, obter a plenitude do Ser, em outras palavras, tornar-se espiritualizado, passa pelo correto deslindar da vida, o balancear do tudo e do nada.  Estabelecer metas e objetivos não pode nos deixar afastados da alegria e do fruir, enquanto essa mesma descontração e festa não podem nos impedir de trabalhar e produzir ao longo da lida diária.  O equilíbrio da determinação e do contentamento necessita de uma consciente aceitação por nossa parte sempre.  Paz e luz.

 

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

 

 

 

Conheça outros parceiros da rede de divulgação "Divulga Escritor"!

 

           

 

 

Serviços Divulga Escritor:

Divulgar Livros:

 

Editoras parceiras Divulga Escritor