Em tempos de guerra - por Karem Schumacher

Em tempos de guerra - por Karem Schumacher

EM TEMPOS DE GUERRA

 

Em tempos de guerra é preciso amar, amar sem razão, foi assim que aquela mulher resolveu amar, queria sentir a felicidade de possuir um amor, naquela cidade pequena tão distante e isolada suas chances eram nulas, precisava partir para amar.

Eram tempos difíceis, precisava amar incondicionalmente, sem fronteiras ou limitações, procuraria em todos os lugares seu amor.

Caminhou por milhas e milhas e se deparou com o sofrimento humano, viu coisas que nunca poderia ter sonhado, mas eram tempos de guerra e logo tudo passaria, as pessoas sorririam novamente, logo ela sabia, encontraria a pessoa certa.

Começava a se sentir desanimada em meio ao caos, viu a fome, a dor, a perda, ouviu os gritos, chorou e rezou, mas para quem rezaria? Enfrentou os tormentos do frio e da chuva, seguia caminhando, ajudava aqui e ali, cuidou de feridos e doentes, ajudou a distribuir comida aos que choravam em desespero, sentir pesar.

Em nenhum momento havia se esquecido que havia partido em busca de seu amor, em cada parada, em cada noite de descanso esperava que o encontrasse, mas o tempo passava, os dias corriam velozes, ela já tinha ido tão longe e ainda procurava, talvez ele não existisse, talvez ela não tivesse alguém em seu destino, talvez morresse só.

Se dedicou a tantos, ofereceu sua alegria em meio ao fogo, distribuiu água e conforto, se comoveu com corpos jogados nas estradas, se revoltou com a brutalidade dos exércitos, mas ainda assim esperava.

Muito tempo passou, muitas tristezas ela conheceu, muitas lições ela aprendeu, mas não tinha encontrado seu amor.

Se tornou voluntária em hospitais improvisados, limpou feridas e sentiu o cheiro forte do sangue, a força do sofrimento era maior que o amor, ela entendia isso agora. Seu amor não cruzou seu caminho, estava velha e cansada, desistira por fim da busca, seu amor nunca existira.

Pouco tempo depois morreu, sem parentes que a velassem, foi enterrada em meio a tantos outros, alguns ela mesma tinha ajudado a abrir a cova, outros ela conhecera e cuidara.

Não precisaria mais caminhar, seu amor nunca iria chegar, em sua busca não percebeu que distribuiu e recebeu mais amor do que podia sonhar.

 

 

 

 

 

 

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