Debaixo de uma árvore - por Ione Kadlec

DEBAIXO DE UMA ÁRVORE

 

Troncos entrelaçados, galhos brotos arregalados.

Olhos tortos de madeiras enraizadas

Ramificações, folhagens escamas: verde cama; animais.

Bairros, João, José. Casas de João de Barro

Ancoradas pelo tempo, sempre visitadas pelos ventos

A derrubar João homens entre outros animais

Devastando corações matagais, Assim é a vida!

Agarrados a elas, outras vidas, novos temporais.

Miúdas,graúdas, coloridas. Pássaros, abraços, espiam.

Cantam orando como se salvos estivessem

Mas quem pode estar salvo num mundo

Repleto de dedos espinhos?

Choram as flores, mas que bobagem.

Pois já vai terminando o verão*

E entre os vãos vivos dos galhos, vejo o Céu.

Estendido como um manto azul

Espatulado a óleo. Tons brancos borrados: nuvens.

Algodão a enfeitar o mundo a girar!

E girando, girando, sigo perdida em pensamentos

Feito régua crua, morta sem vida.

A medir, sem razão, o infinito. Brilha o sol. Céu estendido

A espiar

O tronco robusto

E eu a girar

Debaixo de uma árvore.

*As Rosas Não Falam - Cartola

 

 

 

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