Constatações - por Lígia Beltrão

Constatações - por Lígia Beltrão

Constatações

 

Eu pedi tanto a essa minha vida...

Queria manhãs de sol douradas

Enquanto eu ia deixando de lado

A minha íntima e inocente criança

Tão só e triste, quanto confundida.

Ia crescendo sonhadora e delirante

Enquanto ela me esganava enfurecida

Matando o meu sonho murmurante

Imprensado entre as paredes do meu espanto.

Eu me fazia cada vez mais ser inquietante

Escondendo-me dentro de mim, perdida,

No quarto escuro do meu canto.

 

E assim me vesti de força e de coragem

Para ser só uma mulher pura e comedida

Em um mundo cruel e sem medida

Onde os meus risos morreram de dor.

 

Hoje, não sou mais que aquela da infância,

E mesmo carregando a outra que em mim brotou

Trago as duas no mesmo coração palpitante.

A mágoa eu esqueci guardada

Para ela não gritar na minha cara – Oh que temor!

A tortura do meu amargo conto, sem fada.

 

Escolhi para mim outro mundo – O que tenho vivido.

Nele guardo qualquer bem aventurança

Aprendi a dizer coisas de amantes

Tenho uma boca de pluma que me toca o ouvido

E faz dos meus dias e noites um doce abrigo.

Agora, sem regressos ao passado e ao desamor.

Vivo onde não há aflições nem a palavra calada,

Mas o ruído inquietante e alegre dos sorrisos...

 

E sou o máximo dessa mulher

ungida pelo amor e pela vida moldada!

 

Lígia Beltrão

 

 

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