A arte visionária e o uso ou não de psicoativos - por Maurício Duarte

O uso de drogas destrói a dignidade humana.  Isto é ponto de comum acordo entre profissionais de saúde e espiritualistas.  As exceções à essa regra seriam o Santo Daime e a União do Vegetal, bem como o uso de ayahuasca em contextos estritamente religiosos e espiritualizados com acompanhamento de ministradores e sacerdotes capacitados para esse fim.  A projeção astral, o sonho lúcido e as visões da arte visionária podem obter grande contribuição, nesse sentido.

Porém na maior e ampla acepção dos casos de uso de drogas nenhuma experiência mística, religiosa e/ou espiritual está sendo pretendida por nenhum dos usuários.  A cultura psicodélica é bastante interessante no meu ponto de vista, mas para acessar esse mundo do psicodelismo me valho estritamente de métodos naturais e espirituais, longe de qualquer tipo de droga.  Meditação, recitação de textos religiosos, mantras, orações contemplativas e orações convencionais estão entre as minhas opções para alcançar enlevo e entrar em contato com Deus e a esfera cósmica.  Também para obter visões para a arte visionária, mas esse é outro ponto...

Quem entra no mundo psicodélico sabe que adentrar tal cultura possui diferenças entre aqueles que o fazem com drogas e os que o fazem sem drogas.  As serpentes, o uróboros, as espirais e imagens derivadas são recorrentes na arte visionária e parecem ser “ativadas” por artistas que se ligam nesse tipo de arte.  No entanto, não vejo como boas contribuições alcançadas com o uso de drogas para esse fim.   A “viagem” na maior parte das vezes é só de ida e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a dependência química é doença incapacitante, progressiva e incurável.  Além disso, o “plus”, a vantagem do artista visionário que usa o recurso dos psicoativos só se dá quando ele o faz no contexto religioso do Santo Daime, por exemplo, ou como prática xamânica.  Mas, tornar-se seguidor do Santo Daime ou xamã apenas para obter tais visões é, no mínimo, falta de sinceridade para com Deus e para consigo mesmo, no final das contas.  Se o buscador já tem uma caminhada pessoal na sua trajetória de artista visionário e/ou de pesquisador de culturas indígenas ou antropológicas, é válido.  Contudo, sempre com contexto cerimonial e acompanhamento especializado.

Também não faço uso de práticas como o jejum, a indução aos estados não-ordinários de consciência (ENOC) por hiper-sugestionabilidade e técnicas de meditação ativas muito radicais que só podem trazer algum tipo de contribuição realmente relevantes para a arte visionária quando possuem um sentido transcendente para o buscador, alguma coisa em que ele acredite ou tenha fé.

No geral, é melhor aprimorar seu trabalho artístico sempre com o natural e com o que é próximo da sua crença ou que esteja mergulhado no contexto da sua caminhada espiritual em se tratando de arte visionária.  Paz e luz.

 

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

 

 

 

 

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